Richard deu um risinho nervoso. A boca de Mia se escancarou com o choque, à vista de seu irmão mais velho de pé na soleira da porta. Aquele era um acontecimento raro; na verdade, era a primeira vez. Ela abria e fechava a boca como um peixe, sem saber absolutamente o que dizer.
— Comprei para você uma mini-orquídea Phalaenopsis — disse ele, estendendo-lhe uma planta num vaso. - Elas foram cortadas novas, brotaram e estão prontas para florescer.
Aquilo soava como um anúncio. Mia ficou ainda mais impressionada quando ele tocou os diminutos botões cor-de-rosa.
- Puxa vida, Richard, orquídeas são as minhas favoritas!
- Bem, de qualquer forma você tem um grande e bonito jardim aqui; bonito e... - ele limpou a garganta - verde. Crescido demais, talvez... Sua voz extinguiu-se e ele deu início ao balanço aborrecido que costumava fazer com os pés.
- Você gostaria de entrar ou está só de passagem? - ”Por favor diga não, por favor diga não.” Apesar do atencioso presente, Mia não estava nada propensa à companhia de Richard.
— Sim, vou entrar por um instante.
Ele limpou os pés à porta durante uns bons dois minutos antes de entrar em casa. Ele fazia Mia lembrar-se de seu antigo professor de matemática na escola, com seu cardigã marrom de tricô e calças marrons que terminavam exatamente sobre os pequenos e polidos sapatos marrons. Não tinha um fio de cabelo fora do lugar na cabeça e suas unhas estavam limpas e perfeitamente manicuradas. Mia podia imaginá-lo medindo-as com uma pequena régua todas as noites, para ver se não ultrapassavam o padrão europeu de comprimento exigido para unhas, se tal coisa existisse.
Richard nunca parecia confortável na própria pele. Parecia asfixiado até a morte por sua gravata (marrom) fortemente apertada e sempre caminhava como se tivesse uma longa trave enfiada no traseiro. Nas raras ocasiões em que sorria, o sorriso nunca conseguia alcançar seus olhos. Era o sargento responsável pelo treinamento de seu próprio corpo, gritando e punindo-se cada vez que escorregava para um comportamento humano. Era o que ele fazia consigo mesmo, e o mais triste era que se achava melhor do que todos por isso. Mia conduziu-o à sala de estar e colocou o vaso de cerâmica provisoriamente em cima da TV.
- Não, não, Mia - disse ele, sacudindo o dedo na direção dela, como se ela fosse uma criança desobediente. - Você não deve colocá-la aí. Ela precisa ficar num local fresco, longe do frio e do sol forte e de correntes de ar quente.
— Oh, claro. — Mia pegou de volta o vaso e procurou em pânico, ao redor do aposento, um local apropriado. O que ele havia dito? Um lugar longe do frio e aquecido? Por que ele sempre conseguia fazê-la se sentir como uma garotinha incompetente?
- O que acha daquela mesa pequena no centro? Ela ficaria segura ali. Mia obedeceu e colocou o vaso sobre a mesa, quase esperando que ele dissesse ”boa menina”. O que ele felizmente não fez.
Richard assumiu sua posição favorita ao lado da lareira e inspecionou o aposento.
- Sua casa é muito limpa - comentou.
- Obrigada, eu simplesmente, eh... a limpo. Ele assentiu como se já soubesse.
- Você quer um chá ou um café? - perguntou ela, esperando que ele dissesse
- Sim, ótimo - disse ele, aplaudindo. - Chá seria excelente. Só com leite, sem açúcar.
Mia voltou da cozinha com duas canecas de chá e depositou-as sóbre a mesa de centro. Torcia para que o vapor que se elevava das canecas não assassinasse a pobre planta.
- Você só precisa molhá-la regularmente e alimentá-la durante os meses da primavera. - Ele ainda estava falando da planta. Mia assentiu, sabendo muito bem que não faria nada daquilo.
- Eu não sabia que você tinha dedos verdes, Richard - disse ela, tentando desanuviar o ambiente.
— Só quando estou pintando com as crianças. Pelo menos é o que Meredith fala — riu ele, lançando uma de suas raras piadas.
- Você trabalha muito em seu jardim? - Mia estava ansiosa para manter a conversa fluindo; com a casa muito quieta, qualquer silêncio era amplificado.
- Oh sim, adoro trabalhar no jardim. - Os olhos dele se iluminaram.
- Os sábados são meus dias de jardim - disse ele, sorrindo para sua caneca de para Mia, era como se um completo estranho estivesse sentado ao seu lado.
Percebeu que sabia muito pouco sobre Richard e ele igualmente sabia muito pouco sobre ela. Mas esse fora o modo como Richard sempre quisera manter as coisas; sempre se distanciara da família, mesmo quando eram mais jovens. Nunca compartilhava com eles as novidades excitantes, ou contava como fora seu dia.
Estava sempre cheio de fatos, fatos e mais fatos. A primeira vez que a família sequer ouviu falar de Meredith foi no dia em que ambos apareceram para jantar, a fim de anunciar seu noivado. Infelizmente, nesse estágio, era muito tarde para convencê-lo a não se casar com o dragão de cabelos de fogo e olhos verdes. Não que ele houvesse lhes dado ouvidos, de qualquer modo.
- Então - anunciou ela, alto demais no aposento ecoante -, alguma coisa estranha ou assustadora? Como o porquê de você estar aqui?
- Não, não, nada estranho, está tudo indo, como sempre. - Ele tomou um gole de chá e um instante mais tarde acrescentou: - Nada assustador tampouco, no que diz respeito a isto. Simplesmente pensei em aparecer e dizer olá enquanto estava na área.- Ah, certo. É raro você estar deste lado da cidade - riu Mia. - O que o traz ao obscuro e perigoso mundo da zona norte?
- Ah, só um pequeno negócio - resmungou ele consigo mesmo. Mas meu carro está estacionado do outro lado do rio Liffey, claro!
Mia forçou um sorriso.
- Só estou brincando, claro - ele acrescentou. - Está ali na frente da casa... ele está seguro, não está? — perguntou, sério.
- Acho que deve estar tudo OK - disse Mia sarcástica. - Hoje não parece haver nenhum suspeito vagando pelo beco em plena luz do dia. Era um desperdício usar seu humor com ele. — Como estão Emily e Timmy, desculpe, quero dizer, Timothy? - Havia sido um lapso honesto dessa vez.
Os olhos de Richard se iluminaram.
- Oh, eles estão bem, Mia, muito bem. De qualquer forma, preocupam. - Ele afastou os olhos e inspecionou a sala de estar.
- O que você está querendo dizer? - perguntou Mia, pensando que talvez Richard pudesse se abrir com ela.
- Não é nada especial, Mia. Crianças em geral são uma preocupação. - Ele empurrou o aro dos óculos para cima do nariz e olhou-a nos olhos. - Creio que você é feliz por não ter de se preocupar com estas besteiras de crianças - disse ele rindo.
Fez-se silêncio.
Foi como se Mia tivesse recebido um chute no estômago.
— Então, ainda não encontrou emprego? — continuou ele.
Mia imobilizou-se na cadeira, em choque. Não podia acreditar que ele tivesse tido a audácia de lhe dizer aquilo. Sentia-se insultada e ferida e o queria longe de sua casa. Realmente não estava mais disposta a ser educada e decerto não podia se dar ao incômodo e explicar, para aquela mente insignificante e estreita, que sequer começara a procurar emprego, já que ainda estava sofrendo com a morte de seu marido. Uma ”bobagem” pela qual ele não teria que passar pelos próximos cinqüenta anos.
- Não - vomitou ela.
- Então o que está fazendo para ganhar dinheiro? Inscreveu-se no seguro social?
- Não, Richard - disse ela, tentando não perder a paciência. - Não me inscrevi no seguro social, recebo uma pensão de viúva.
- Ah, uma coisa incrível e cômoda, não?
- Cômoda não é bem a palavra que uso; devastadora, deprimente é mais apropriado.
A atmosfera estava tensa. De repente, ele deu um tapa na perna, sinalizando o fim da conversa.
— Preciso ir e voltar ao trabalho então — anunciou ele, levantando-se e se estirando exageradamente, como se tivesse permanecido sentado por horas.
- OK - Mia estava aliviada. - É melhor ir enquanto seu carro ainda está lá. - Mais uma vez ela desperdiçou seu humor; ele estava espreitando pela janela para verificar.
- Você está certa; ele ainda está lá, graças a Deus. De qualquer modo, foi bom ver você e obrigado pelo chá — disse ele para um ponto na parede acima da cabeça dela.
- De nada, e obrigada pela orquídea - disse Mia, de dentes cerrados. Ele atravessou o jardim e parou no meio do caminho para examinálo. Balançou a cabeça em sinal de desaprovação e gritou para ela:
- Você realmente precisa conseguir alguém para arrumar esta bagunça - e partiu em seu carro marrom estilo familiar.
Mia espumava enquanto o observava afastar-se e fechou a porta com força. Aquele homem fazia seu sangue ferver tanto, que sentia vontade de nocauteá-lo.
Ele simplesmente não tinha idéia... de nada.
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Não se preocupem, vou postar 3 coisas hoje, esse capítulo de Don't Let Me Go - Avá - , Cap. 1 de True Love e um imagine, pra tentar me desculpar com vocês ;/
Até daqui a pouco Guys!!
Continua
ResponderExcluirProximoooooo
ResponderExcluirContinua pelo amor de deus
ResponderExcluirQue perfeicao amor da minha vida !! Eu nunca te esqueci e nunca vou te esquecer,Estou sem celular esta arrumando a tela estou sem whats desculpa por nao falar com voce !!! Eu te amo mais que tudo voce é umas das melhores pessoas que eu conheci virtualmente,Minha Pequena!!! Te amo muito minha mafeee potatooo <3
ResponderExcluirContinua mina
ResponderExcluirproximo capitulo :)
ResponderExcluirContinua babe <3
ResponderExcluirProximoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
ResponderExcluirCapitulooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
Gostaria que voce continuasse,sou muit fã desse blog <3
ResponderExcluirCade o capitulo 13 ?? Continua logo amoree
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